2 de janeiro de 2016

Sentir nojo de algo é tido como uma reação natural e que inclusive é importante para a sobrevivência humana. Por sentirmos nojo, evitamos o contato com coisas que poderiam nos prejudicar de alguma forma, como o contato com coisas e situações que transmitam doenças.

É uma verdade que há vários insetos que estão diretamente associados à transmissão de doenças. Moscas, pernilongos, pulgas, baratas e percevejos (como o barbeiro) são alguns exemplos. Suas formas e características estranhas, hábitos e fases de desenvolvimento ou de reprodução são também algumas das razões que fazem as pessoas naturalmente sentirem nojo dos insetos. 

No entanto, há fortes razões para não se generalizar essa repulsa que muitas pessoas têm pelos insetos. Mas afinal, que razões são essas? Eu separei pelo menos cinco delas que você confere a seguir.

1 - A maioria das espécies de insetos NÃO transmite doenças
Apenas uma pequena fração dentre todas as espécies de insetos são vetores de doenças. A grande maioria além de não transmitir doenças, também ajuda no controle daqueles insetos que as transmitem. 

Para ilustrar, considere o exemplo dos mosquitos ou pernilongos. Como sabemos, são insetos que são vetores de doenças como a Dengue e a Febre Amarela. No entanto, outros insetos ajudam no controle populacional deles até mesmo debaixo d’água! As ninfas das libélulas, por exemplo, são ávidas caçadoras de larvas de mosquitos dentro da água, e as libélulas, por sua vez, não transmitem doença alguma.

2 - A maioria das espécies de insetos se desenvolve em ambientes ACEITÁVEIS
A maior parte dos insetos na natureza desenvolve sua vida sobre plantas ou árvores, cujas impurezas a maioria de nós considera irrelevante, afinal, ninguém colhe flores usando luvas de higienização, certo? A maioria dos insetos aquáticos também só vive em águas limpas e, inclusive, servem para nós como indicadores de boa qualidade da água. 

Nas grandes cidades, sabemos que há insetos vivendo em entulhos, esgotos e lixões. Estes não são os ambientes naturais onde eles vivem e é claro que ninguém sensato irá manusear insetos encontrados nesses locais sem alguma proteção higiênica.

Se há algo para qual devemos refletir, no entanto, é: quem criou esses ambientes imundos onde os insetos das cidades acabam sendo obrigados a viver? Definitivamente os culpados não são eles.

3 - Sensações de NOJO podem ser geradas por FOBIAS
Há muitos tipos de medos (fobias) que se relacionam com os insetos e outros artrópodes. As mais comuns neste respeito talvez sejam: Aracnofobia (medo de aranhas), Catsaridafobia (medo de baratas) e até mesmo Tripofobia (medo de furos, padrões ovalados). Todas estas fobias causam repulsas em quem as tem e estas, podem ser confundidas com sensações de nojo.

Portanto, é possivel que pessoas que digam que tenham nojo de insetos na verdade tenham fobia de insetos. As fobias são também reações naturais que nos protegem, mas que por serem algumas vezes exageradas, irracionais, podem ser  um problema para quem as tem. Felizmente, as fobias podem ser controladas através da aplicação de diferentes técnicas por especialistas.

4 - Sob diferentes perspectivas, QUALQUER ser vivo pode parecer NOJENTO!
Você pode adorar gatinhos por serem animais fofinhos. No entanto, é possível que você considere o parto de uma ninhada de gatinhos algo absolutamente nojento. Talvez você ache nojento o fato da gata mãe se alimentar das fezes dos gatinhos nos seus primeiros dias. Ou mesmo a aparência dos gatinhos recém-nascidos pode lhe parecer nojenta. 

Tudo isso, no entanto, não muda a sua opinião geral de que os gatinhos são animais interessantes. Da mesma forma, embora alguns insetos passem por fases que talvez consideremos nojentas (lagartas por exemplo), não faz o menor sentido e nem mesmo é sensato dizermos que o inseto como um todo é nojento. Tanto é verdade que, a maioria das pessoas simpatiza com as borboletas, mas não simpatizam com as lagartas, embora sejam o mesmo inseto.

5 - A maioria das pessoas desconhecem a inacreditável VARIEDADE de insetos
Quando se fala em insetos, principalmente para quem vive nas grandes cidades, automaticamente se faz uma associação a baratas, moscas, mosquitos, formigas, cupins e todo tipo de insetos que lhes parecem inconvenientes. Isso acontece pois são apenas estes insetos que tais pessoas frequentemente encontram nos centros urbanos. São a estes insetos que elas estão acostumadas.

Mas os insetos vão além destes que encontramos em nossas casas. Somente de besouros, já foram catalogadas 800.000 espécies diferentes e só uma pequena fração destas espécies é que são vistas em ambiente urbano. Agora, apenas imagine o total de espécies de insetos que existem no mundo. Sem dúvidas, os que vemos no nosso dia a dia são uma parcela ínfima do total.

Há muitos insetos extraordinariamente belos, com formatos, cores e tamanhos incríveis e que muitas pessoas, quando os veem pela primeira vez, simplesmente não acreditam que são reais. E não é preciso nem sair do país para encontrarmos espécies extraordinárias. O Brasil tem uma das faunas mais ricas em insetos do mundo, boa parte na região amazônica. O que precisamos talvez, seja conhecer um pouco mais da nossa própria fauna.

Conclusão
Sentir nojo é e sempre será uma sensação natural em qualquer pessoa. Entretanto, não é razoável e nem justo que tal sensação surja automaticamente com relação aos insetos. É claro que ninguém ficará satisfeito em encontrar uma barata num prato de comida, por exemplo. Mesmo eu sentiria um nojo abusrdo dessa situação, pois eu sei que isso fere os padrões de higiene de qualquer restaurante.

Mas com relação aos insetos em seus ambientes naturais ou mesmo como alvo de estudo e observação, não há boas razões para se ter nojo. São seres interessantíssimos e de grande importância ambiental como muitos outros animais também o são, e que claro, merecem todo e qualquer respeito.
Marcador
This is the most recent post.
Postagem mais antiga

Comente com o Facebook:

0 comentários